Os Fractius (ou Slivers, em inglês) são uma das tribos mais icônicas e misteriosas do multiverso de Magic: The Gathering. Curiosamente, eles não foram criados originalmente pela Wizards of the Coast, mas por Mike Elliott, um jogador que, antes mesmo de ser contratado pela empresa, já desenvolvia suas próprias ideias para o jogo como hobby.
A ideia de Mike era: criar criaturas com uma mente coletiva, capazes de compartilhar habilidades entre si. Quanto mais Fractius entravam em campo, mais poderosa se tornava a colônia, um conceito simples, mas que viria a fazer muito sucesso entre os jogadores.
Um ano após idealizar os Fractius, Mike foi contratado pela Wizards e, junto com a equipe de designers teve a oportunidade de introduzir a tribo no Magic em 1997, no bloco de Tempestade.
A principal inspiração para o conceito utilizado veio do card Plague Rats , uma criatura cuja força aumentava conforme mais cópias estavam em campo. Mike percebeu que poderia expandir essa ideia para algo tribal, em que cada criatura contribuísse para um ecossistema coletivo.

Além disso, Mike identificou duas necessidades fundamentais para que a mecânica dos Fractius atingisse seu pleno potencial:
A primeira era garantir uma grande variedade de criaturas dentro da tribo, de modo que a sinergia funcionasse de forma consistente no formato Limitado — o que explica a presença de vários Fractius comuns.
A segunda era distribuir a tribo pelas cinco cores de Magic, permitindo diferentes estilos de jogo e explorando ao máximo a agressividade característica dos Fractius.
Se todos fossem apenas verdes, por exemplo, a mecânica precisaria ser muito mais contida e previsível, perdendo parte da essência coletiva e caótica que tornou a tribo tão marcante.
Na lore, a origem dos Fractius é desconhecida. Acredita-se que o vilão Volrath tenha encontrado a raça em um plano ainda não revelado e decidido levar a para o plano de Rath, onde realizou experimentos cruéis para compreender seu poder. Durante seus experimentos ele teria projetado o para viver como espião entre as crias da rainha, porém as criações de Volrath não eram capazes de compartilhar suas habilidades.
Acredita-se que Volrath não tenha parado por aí. Provavelmente ele executou outros experimentos dos quais não sabemos a história.


Talvez nunca saibamos quais são os Fractius originais e quais foram “projetados” por Volrath. Existe uma teoria de que os Fractius monocoloridos de Tempestade seriam os originais, enquanto os multicoloridos de Fortaleza, com exceção da rainha, seriam criações de Volrath. Mas tudo isso não passa de uma teoria.
Quando o plano de Rath se sobrepôs a Dominária, a maioria dos Fractius pereceu durante o processo, restando apenas alguns poucos sobreviventes.
Cerca de cem anos depois, cientistas do Projeto da Rebentação (Riptide Project) descobriram fósseis de Fractius e decidiram trazê-los de volta à vida. O que começou como um experimento científico logo se tornou um desastre: sem a presença da Rainha, os Fractius renascidos se multiplicaram rapidamente e saíram de controle, devastando os laboratórios.
A segunda geração dos Fractius não durou muito. Uma sequência de eventos catastróficos culminou em uma grande explosão que dizimou quase toda a colônia em Dominária. No entanto, nem todos pereceram. Durante a explosão, parte dos Fractius acabou se fundindo, dando origem a um único ser: o lendário Sliver Overlord .

O Senhor dos Fractius assumiu o papel de liderança da colmeia, guiando os Fractius sobreviventes e garantindo a continuidade de sua espécie.
As inúmeras explosões que abalaram Dominária causaram danos severos ao plano, fragmentando o tempo e o espaço. Alguns dos Fractius sobreviventes acabaram sendo deslocados através da linha temporal.
Ao contrário de outras espécies, os Fractius demonstraram uma impressionante capacidade de adaptação. Mesmo em um plano completamente devastado, conseguiram sobreviver, se multiplicar e evoluir.
Durante esse período, desenvolveram habilidades de imitar características de outras criaturas. O Gemhide Sliver , por exemplo, passou a desempenhar um papel semelhante ao das Birds of Paradise , gerando mana de qualquer cor.


Já a carta Sliver Legion simboliza perfeitamentea capacidade dos Fractius adaptarem a mente coletiva na ausência da Rainha Fractius.
A próxima aparição marcante dos Fractius aconteceu em Magic 2014, ambientado no plano de Shandalar. Nessa coleção, os Fractius ganharam uma mudança visual drástica: deixaram de ter a aparência reptiliana com bicos e garras e passaram a adotar formas mais humanoides.

Segundo a equipe de design, a mudança foi motivada pela saturação do design anatômico anterior, além da necessidade de oferecer maior variedade visual e diferenciação entre gerações.
No mesmo período, também houve uma mudança nas regras: as habilidades dos Fractius passaram a afetar apenas os Fractius controlados pelo jogador, e não mais todos os Fractius em campo. Essa diferença mecânica justificou a distinção visual — marcando o início de uma nova era.
Logo em seguida, em Magic 2015, o “Fractius Humanoides” vieram acompanhados do Sliver Hivelord uma criatura imensa, dez vezes o tamanho de um humano.
Em Modern Horizons, a tribo retornou de forma triunfal, mas, diferentemente de outros blocos de Magic, a coleção não apresenta uma narrativa central ou um plano específico. Não houve grandes revelações sobre a história da tribo, já que o foco da coleção foi criar cartas e mecânicas voltadas para o formato Modern, trazendo os Fractius clássicos para o cenário competitivo contemporâneo.

Ainda assim, podemos dizer que Modern Horizons conseguiu tanto resgatar quanto reinventar os Fractius. Cartas como The First Sliver fazem uma clara referência à origem da tribo, enquanto Cloudshredder Sliver , compartilha as habilidades de voar e ímpeto, reforçando a agressividade dos Fractius.
Os Fractius nasceram como uma ideia de fã e se tornaram uma das tribos mais queridas e emblemáticas do Magic: The Gathering. Sua mecânica simples, porém divertidíssima, aliada ao mistério que ainda envolve sua origem, continua fascinando jogadores e fãs há décadas.
A Wizards já declarou que existe a intenção de, um dia, explorar o plano natal da espécie. Quem sabe, finalmente, descubramos o plano onde tudo começou.
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Muito obrigado pela leitura e até a próxima!

